Vitor, que vive a saga de Sobrevivente, viveu, como poucos, os acontecimentos dos anos 1950 e 1960. Filho de uma família de classe média e conservadora, construiu uma vida de grandes experiências humanas e políticas. O traço marcante da personalidade de Vitor é a rebeldia, não uma rebeldia histriônica e vazia, mas uma rebeldia consciente. É um jovem do seu tempo, que aceita os desafios que a vida põe diante dele. Sabe que não tem tempo de ser medroso ou cauteloso. A vida de Vitor, personagem que não aceita o epíteto de herói, é repleta de lances dramáticos e cheia de verdade humana, que, certamente, empolgarão os leitores. Vitor foi de uma geração que se sentiu obrigada a lutar, a enfrentar um poder poderoso e cruel. Vitor recusou-se a viver de costas para a realidade política, mas tudo fez para não perder a sanidade. Tornou-se militante porque não tinha alternativa, embora jamais tenha alimentado a ideia de que iria obter a vitória. Lutou com coragem contra um poder sem medida, viveu experiências amargas, cheias de verdades humanas. Vitor amou e foi amado. Dos primeiros sentimentos ao último, foi sempre fiel a eles. Vitor sabe que não acertou sempre e que talvez tenha mais errado do que acertado. No fim da vida ele faz um balanço pouco orgulhoso de si mesmo. Reconhece que perdeu mais do que ganhou, mas ao olhar para o passado não rejeita o que fez. Diante da morte, que tantas vezes enfrentou, soube sobreviver. E ao sobreviver encontrou em Clara dos Anjos e nos filhos, Lincoln e Isis, a salvação dos seus dramas interiores.