Para tratar da dor do abandono, a psicanalista mulher traz alguns dramas familiares vividos por várias mulheres. A mulher que sempre hesita, a mulher nordestina que não hesita em estar em outro lugar, a mulher sedutora que esconde a ingenuidade e insegurança, a mulher dona da própria vida que não se assenhora dos seus dias... São muitos os casos trazidos por Sylvia. Todos eles trazidos com extrema sensibilidade e o olhar atento e generoso da psicanalista mulher. O que Sylvia faz é narrar os malabarismos dessas mulheres e o seu próprio malabarismo na difícil arte de viver. Para tratar da imposição do virtual, Sylvia nos convida a fazer uma viagem num tapete voador, tapete que coloca o divã em lugares antes nunca vistos. O divã sai das quatro paredes do consultório para a praça e, principalmente, para o virtual, o que equivale a dizer que o divã não está mais naquele lugar reservado quando da fundação da psicanálise. Como Sylvia nos diz, “a pirueta das sessões possibilitou ao analista penetrar nos recantos mais íntimos da moradia dos pacientes e, vice-versa, o paciente debruçar-se no ambiente do analista”, uma verdadeira subversão ao proposto por Freud nos primórdios da psicanálise. Mas Sylvia não deixa Freud à margem dessa virada desencadeada por um vírus. Ainda que em sonho, ressuscita o pai da psicanálise e o faz refletir sobre os seus rumos nesses novos tempos.