Janaína da Silva Brasil veio ao mundo numa sexta-feira 13, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco. Recebeu, ao nascer, seus dois primeiros pertences: uma certidão de nascimento — que garante quem ela é, e que a sua mãe e seu pai são dela — e um encosto. Assim, enquanto um dos seus pertences lhe dá, o outro toma.Janaína deseja mais que tudo encontrar a sua voz. E com ela se transformar, lutar e conquistar. Principalmente o direito de ser gente. Homo sapiens pobris relevantis! Mas ele está sempre ao seu lado, agourando. E, a cada passo que ela dá, ele planeja uma rasteira. Derruba-a. Rala os seus joelhos. Esfola as suas mãos.Cabe à Janaína apenas se levantar, para que eles possam recomeçar a sua dança de luz e sombra.Em Descarrego, acompanhamos a saga da protagonista, disputada entre estes dois extremos: ter e perder. O romance apresenta também uma delicada reflexão sobre a construção dos direitos sociais no Brasil — sobretudo em relação ao acesso e à qualidade da Educação Básica e Superior — e o impacto dela na vida de um cidadão brasileiro.